quarta-feira, 16 de novembro de 2016

DEUS É COMO O VENTO

“Deus é como o vento. Sentimos na pele quando ele passa, ouvimos sua música nas folhas das árvores e o seu assobio nas gretas das portas. 

Na flauta, o vento se transforma em melodia. 
Mas não é possível engarrafá-lo. 
No entanto as religiões tentam engarrafá-lo em lugares fechados a que elas dão o nome de ‘casa de Deus’. 





Mas se  Deus mora numa casa, estará Ele ausente do resto do mundo? 
Vento engarrafado não sopra. Deus nos deu asas. 
Mas a religião inventou gaiolas. 
Há pessoas que se sentem religiosas por acreditar em Deus.         
Tudo o que vive é pulsação do sagrado. 
As aves do céu, os lírios do campo. 
Até o mais insignificante grilo, no seu cricri rítmico, 
é uma música do Grande Mistério".

Rubem Alves

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