DA MALEDICÊNCIA
"Jamais fales mal de outra pessoa,
Nem em sua presença, e tampouco em sua ausência;
A maledicência sempre se vira contra o acusador.
Quando sua língua ferida ataca alguém,
O veneno pode regressar a ti.
Maldizendo outrem,
Abres espaço para que também o maldigam.
Quando falas mal dos outros,
As pessoas indagam a si mesmas:
“Acaso estaria ele também criticando a mim?”
Guarda para ti mesmo tuas impressões sobre as pessoas.
Não condenes aquilo que desconheces…
Por acaso contemplas todos os infortúnios,
Daqueles a quem destilas tuas calúnias?
Podes abranger a história completa de alguém,
Ou a dura e complexa educação a que foi submetido?
Consegues afirmar, com toda a convicção,
Que deste mesmo prato não comerás?
Tendes a certeza de que, em igual circunstância,
Não farias a mesma coisa?
Não desperdices tuas energias com outros…
Ressalta suas qualidades, e não seus defeitos.
Porém, sê sincero com os demais,
Mas não invadas um terreno subjetivo que desconheces.
Preocupa-te apenas com os teus defeitos e carências.
No final das contas, tua consciência será teu guia,
E também o teu único juiz.
Deixa que a vida se encarregue dos males dos outros.
Se alguém te feriu ou atormentou,
Ele já vive na tormenta.
Não penses que seu sofrimento
É maior que do teu detrator.
Por detrás de uma ação dirigida contra ti,
Podes encontrar alguém instável e infeliz.
Atente bem para uma coisa:
Todo cuidado para não ver nos outros,
Aspectos que não deseja admitir em ti mesmo.
Reconheça a tua sombra como sendo apenas tua,
Antes que ela se exteriorize no próximo.
Cuida primeiro dos seus problemas;
Só assim poderás ajudar teus pares.
Purifica, antes de tudo, teu próprio interior,
Pois somente dessa forma serás feliz,
Sem a necessidade de rebaixar teu irmão.
Não queira sentir-se por cima,
Colocando os outros para baixo.
Não torça pela infelicidade alheia
A fim de não reconhecer,
O lamaçal escuro do teu íntimo.
Avança, mesmo que devagar, com tuas próprias pernas,
Sem invejar o sucesso alheio.
Cada passo dado é terreno seguro,
Na grande trajetória da tua existência.
Eleva-te, com coragem, a patamares superiores…
Assim estará liberto do orgulho que te degrada".
Hugo Lapa
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